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13.07.2018 - 10:16

Pesquisa sobre novo estudo forense de Mato Grosso do Sul é finalista em concurso mundial

Peritos criminais do Estado apontam que avanço na pesquisa contribui para a ciência a favor da Justiça
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Pesquisa sobre novo estudo forense de Mato Grosso do Sul é finalista em concurso mundial

Inovar em ferramentas de apoio à perícia criminal para elucidar crimes, através de um inovador formato de rastreamento de grãos de pólen, foi o que levou os pesquisadores Ariadne Barbosa Gonçalves, Felipe Silveira Brito Borges, Geazy Vilharva Menezes e Juliana Velasques Balta, integrantes grupo de pesquisa Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Visão Computacional (Inovisão) da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), à final do Tshinghua-Santander World Challengers of the 21st Century (desafios mundiais do século XXI, na tradução ao português).

O evento acontece entre 29 de julho e 9 de agosto, em Pequim, na China e o projeto de Mato Grosso do Sul é um dos 12 finalistas entre 67 inscritos e chega na Ásia com a maior pontuação acumulada. Agora em julho, houve uma simulação realizada em Campo Grande para apresentar o trabalho à imprensa e o Sindicato do Peritos Oficiais Forenses do Estado de Mato Grosso do Sul apoio a atividade.

O grupo é liderado pelo professor Hemerson Pistori e o projeto é encabeçado pela pesquisadora Ariadne Barbosa Gonçalves, doutoranda do programa de Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB. O perito criminal ligado ao Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinpof-MS), servidor da Coordenadoria Geral de Perícia de Mato Grosso do Sul (CGP) e professor da universidade nos cursos de Ciências Biológicas e Direito, Wedney Rodolpho de Oliveira, também auxilia nas pesquisas.

A técnica está inserida na Palinologia Forense, que é a ciência que estuda os grãos de pólen e esporos encontrados em cenas, objetos ou corpos provenientes de crimes. Ela é uma importante ferramenta para ser utilizada na investigação criminal pois todo ambiente possui vestígios polínicos. No entanto, no Brasil é uma ciência que começou a ser estuda recentemente pelo grupo de pesquisa Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Visão Computacional (Inovisão).

O grupo está desenvolvendo um software para automatizar o uso da palinologia forense e um equipamento de lentes acoplado ao celular para acelerar o trabalho de análise feito hoje em laboratório por meio de microscópio. Por ser uma ferramenta inédita no Brasil (a palinologia forense), a expectativa dos pesquisadores é que um dia o protótipo de lentes seja patenteado e o software registrado para que possa ser utilizados no mundo inteiro na elucidação de crimes.

“Estão fornecendo uma tecnologia, uma ferramenta inédita no Brasil, e muito útil para os peritos para responder casos de crimes”, explica o coordenador do grupo Inovisão, Dr. Hemerson Pistori, professor do Programa em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, ao destacar o ineditismo da pesquisa no Brasil.

O professor e perito criminal em Mato Grosso do Sul, Wedney Rodolpho de Oliveira, destaca a importância da pesquisa para o trabalho da perícia no Estado. “O estudo da palinologia é um trabalho que tem uma relevância social muito importante. Ainda que um trabalho desse demande anos ou décadas de pesquisas, a resolução de um crime já justificaria todo esse trabalho. Então isso já valeu a pena”, enfatiza o perito, que destaca também o mérito dos acadêmicos da UCDB no empenho de realizar o projeto pioneiro. "É uma contribuição para uma sociedade em que haja a melhor garantia da ordem e segurança pública."

Karina Rébulla Laitart, também perita criminal da Coordenadoria Geral de Perícias de MS, reforça que a palinologia forense permite obter vestígios escondidos, mas fundamentais para ajudar na resolução de um crime violento. “A perícia, por trabalhar com vestígios no local de crime, encontra na palinologia forense uma importante ferramenta para auxiliar o perito a buscar vestígios silenciosos, aliados às demais constatações, que são utilizados na interpretação da cena do crime em estudo.”

A perita criminal ainda comenta que é necessário ampliar o banco de dados de informações de locais de crime. "Para a palinologia forense ser utilizada no dia a dia pericial é necessário aumentar o banco de dados, além de uma constante atualização”, aponta.

A doutoranda Ariadne Barbosa Gonçalves, do programa de Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB, que encabeça a pesquisa, já realizou testes em oito casos, sendo cinco homicídios, duas auto eliminação e um acidente de trânsito. Esses casos foram estudados no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) do Estado para comprovar a aplicabilidade do trabalho.

“Foi possível realizar a coleta dos polens nos corpos por um método fácil e eficiente, inclusive já conseguimos dizer se os grãos de pólen encontrados nos casos são proveniente ou não do local onde o corpo foi encontrado”, explica a pesquisadora.

O estudo já estava em andamento há seis anos, iniciado pela entomologia (estudo dos insetos e larvas) forense e agora passou para a palinologia (pólens) forense.

Integrantes do grupo buscam agora no concurso internacional a oportunidade de inovar a pesquisa na questão ambiental, conscientizando de que é preciso preservar a natureza. Ariadne, Geazy, Felipe e Juliana vão a Pequim representar o grupo, que também é composto pelo acadêmico de Engenharia da Computação Milad Roghanian. Eles participam da grande final com todas as despesas pagas pelos patrocinadores (Universidade de Tsinghua e banco Santander).

PARCERIAS

 O grupo de pesquisa Inovisão conta ainda com a parceria do Centro de Tecnologia e Análise do Agronegócio (CeTeAgro/UCDB); da Coordenadoria Geral de Perícias, ligada à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp); Universidade deNebraska-Lincoln – A Faculdade de Ciência Forense e a Escola de Recursos Naturais (ERN); Herbário CGMS/ Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); Faculdade de Computação/UFMS LABGIS/UFMS - Laboratório de Geoprocessamento para Aplicações Ambientais; Instituto Federal de Mato Grossodo Sul (IFMS) Legoc/ Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e LAMIV/ UniversidadeEstadual de Feira de Santana (UEFS).

Eles contam também com o financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso Do Sul (Fundect). Esses recursos foram utilizados para aquisição de equipamentos e participação em eventos, além de bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Outro apoio que obtiveram foi uma placa de vídeo que ganharam da empresa americana Nvidia, especializada na produção de placas gráfica.

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