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06.11.2017 - 19:35

Técnica inédita na perícia criminal do país é feita no Estado para combater comércio ilegal

Método utilizado em Mato Grosso do Sul foi apresentado durante o XXIV Congresso Nacional de Criminalística
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Técnica inédita na perícia criminal do país é feita no Estado para combater comércio ilegal
O furto ou roubo de veículos alimenta um comércio ilegal no país que é o de peças usadas. Em alguns casos, a investigação para se caracterizar essas partes automotivas que são vendidas clandestinamente esbarra em uma série de artifícios que criminosos utilizam.

As adulterações feitas em peças que têm número de registro chegam a ser feitas de forma que só com uma perícia minuciosa e conhecimento científico é possível identificar o problema e elucidar o caso.

O Setor de Identificação Veicular da Unidade Regional de Dourados passou a usar uma técnica que utiliza conhecimentos de química para permitir identificar adulterações principalmente em motores de veículos, seja de carros ou caminhões. Esse trabalho tem um resultado prático fundamental para confirmar que a peça foi trocada e subsidiar com provas materiais a irregularidade.

O método, nomeado como exame térmico, foi inclusive destaque em apresentação no XXIV Congresso Nacional de Criminalística, que aconteceu agora em outubro em Florianópolis (SC). O evento tem grande peso para divulgar as principais ações modernas dentro das ciências forenses aplicadas para a América Latina e acontece a cada dois anos.

A apresentação dessa técnica no congresso foi feita pela perita criminal Sâmya Soler, que está lotada no Núcleo Regional de Criminalística da URPI de Dourados, e Everaldo Staudt, do Setor de Identificação Veicular (SIVE), também da mesma unidade. Ambos atuam na Coordenadoria Geral de Perícias (CGP), ligada à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp)

“O Setor de Identificação Veicular (SIVE) é o responsável por averiguar os crimes de adulteração nos elementos identificadores dos veículos, são eles: placa de licença, gravação nos vidros, plaquetas, etiquetas de segurança, gravação nos eixos, plaquetas com sequencial de carroceria, entre outros”, explica Everaldo.

Essa perícia é feita especificamente em motores, que são as peças mais caras de um veículo. A técnica consegue materializar a adulteração e também recuperar o número original grafado no bloco pela montadora. O método é um recurso que em âmbito nacional só a perícia criminal em Mato Grosso do Sul vem aplicando.

“Existe uma grande demanda de veículos oriundos de vistorias do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) com suspeita de adulteração apenas no motor. Nesses casos, a materialização da adulteração e a possível revelação do sequencial identificador do referido agregado, através do exame térmico, se torna imprescindível para subsidiar os inquéritos criminais”, detalha a perita criminal Sâmya, que é química e vem estudando a técnica aplicada pelo colega de URPI, o perito criminal Everaldo.

Esse estudo está em andamento e também deve ser publicado em periódico especializado. Isso vai auxiliar que outros estados tenham ferramentas eficazes para combater o comércio ilegal de peças de veículos. “O resultado do método apresentado mostra-se eficiente”, comenta Sâmya.

Para a apresentação do trabalho no Congresso Nacional de Criminalística, os peritos da Unidade de Dourados exemplificaram procedimento realizado em motor de um caminhão Iveco Stralis HD570S 38TV, que tinha sido alterado. Neste caso, esse tipo de peça tem valor de mercado em, pelo menos, R$ 16 mil.

A TÉCNICA

Para realizar a perícia em motores, os peritos criminais utilizam-se de um cilindro de gás de cozinha, cilindro de oxigênio usado para solda, maçarico, lixa fina (400) e silicone ou óleo de motor.

“Entre as melhorias que fizemos no procedimento é usar silicone, que gera menos sujeira e acaba sendo mais eficiente. O método começou a ser usado depois que um técnico de seguradora repassou informações ao perito Everaldo. Na nossa apresentação no Congresso, descobrimos que outros três peritos de outros estados conheciam o método, mas ainda não tinha conseguido aplicar. A atuação inédita nessa perícia por parte do colega perito criminal Everaldo vem antes de 2015”, conta Sâmya.

Veja fotos da apresentação na página Galeria de Fotos do site Sinpof-MS. Foto: Divulgação.
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